2.11.07


A borboleta no apartamento

Nunca teria imaginado ela
que viraria borboleta numa janela.
A lagarta, vagarosa, procurou a planta
amarela, formosa, sim, aquela
Para descansar por um momento
E esperar seu casulo, seu encantamento
Mas não num apartamento.

É que num belo dia, azul e ensolarado
Uma meiga senhora
Que por cujas netas tem imenso cuidado
Fez como de hábito:
Ao lado de uma árvore de flores amarelas
Parou e ficou, e depois de olhar pra elas
Esticou seu braço curtinho
E arrancou um galhinho
Para suas netas, com muito carinho.

Quando em casa chegou, na água o colocou
No jarro localizado na cozinha
Ao lado da janelinha
E a plantinha, sempre observada,
Por todos admirada,
Dias lá passou
E a família viajou.

Na manhã de um dia quente
Viram as netas, de repente
Uma borboleta verde
Pelo jeito, muito valente
Ao lado daquilo que pensavam
Ser uma folha estranha
Que provocou uma surpresa tamanha
Pois as duas deram um pulo:
Não é folha, é casulo!

As meninas, maravilhadas,
Ficaram um pouco preocupadas
“E tem lá cabimento borboleta em apartamento?!”
Mas acharam melhor deixá-la por sua própria conta
Para que voasse quando estivesse pronta.

A noite chegou, então
E com ela a questão
Borboleta dorme onde?
E ela vai sobreviver?
Sem voar, sem comer, sem ser?
O que veio fazer neste planeta, a linda borboleta?
Talvez aqui na cidade
Aproveitar sua efemeridade
Apesar da excentricidade
De dentro do apartamento
Proporcionar deslumbramento
E até um pouco de felicidade.